Mestre, é bom ser igual...
Quem sabe, alguns até tenham mais vivência, mais conhecimento em determinado campo de estudo ou, ainda, maior habilidade numa área profissional. É uma realidade. Todavia, daí se deixar levar pelo apelo do ego, é naufragar na falta de respeito pelo ser humano, seu igual.
Ao meu ver, um professor não pode entender uma pergunta ou uma intervenção contrária como uma afronta à sua sapiência. Isto limita a interação entre os pólos na transferência da informação. Ninguém sabe tudo e aquele que se julga sabedor, confirma sua ignorância. Devemos permanecer atentos para que não cometamos os deslizes da soberba.
Também já estive daquele lado, à frente de classes e de fartos auditórios, com o microfone em mãos. Entendo quão é tendenciosa a escalada do próprio conceito. Neste ínterim, foi que me decidi em voltar às cadeiras escolares, pois, achei que precisava aprender mais. Sei bem o que é enfrentar uma classe de aula e não queria que as perguntas feitas a mim ecoassem no vazio. Por outro lado, nunca vivi num mundo diferente daquele vivido pelos que se alimentavam do meu humilde conhecimento. É bom ser igual. As dúvidas são mais bem esclarecidas quando se permite acesso a quem quer fazer perguntas, seja elas inteligentes ou nem tanto. É muito legal para quem está na "platéia" poder interagir com quem está na boca do palco. Isto não é um exercício de memorização, é sim a prática que internaliza a informação, sem mistérios nem rodeios.
Ser mestre é ensinar pelo exemplo, pelo modelo e pelo conteúdo de sua experiência pregressa aquilo que outros, ainda, não tiveram chance de viver, construir ou percorrer, ignorados seus motivos e as circunstâncias.
É desconsiderando a dignidade, a honra e os princípios de coletividade que nos perdemos no mapa do convívio salutar.
Se pudesse melhor sopesar as coisas, bem assim tivesse contido em mim, a explosão eruptiva do revidar, outrora não tivessem vocês que o desabafo que fiz agora escutar.
Não poderia trair meu ímpeto, minha vontade, meu ser. Se existo para receber o conhecimento, por ele minha cabeça se molda dia-a-dia. Assim, ser mestres todos podem. Nunca em tudo ser mestres, nem de todos. O verdadeiro mestre reconhece que também é constante aprendiz. A sabedoria é o que difere o mestre e o aprendiz. Ninguém sabe tudo, de todos, em todo tempo.
Honra e reconhecimento aos professores e mestres, incansáveis aprendizes da humildade.