Interpretações da verdade



Entendo que muitos de nós acabamos cometendo pequenos equívocos quando o assunto é a verdade, principalmente no tocante à verdade em si e as interpretações que construímos quando não a conhecemos em sua totalidade.
 
Creio que no fundo confundamos saber com crença.
 
Alguns, entre estes vários conhecidos pensadores, subjetivistas, entendem a verdade como uma questão de mera percepção ou de simples interpretação, mas esta não me parece ser uma definição viável, pois não me parece possível e coerente imaginar que a verdade possa ser uma mera questão de ponto de vista.
Sendo eu realista, entendo que os fatos verdadeiros em si, sejam eles de ação fenomenológica ou sejam eles de impossível observação, continuam sendo reais, próprios e únicos. Sendo eu um pouco cético, entendo que a percepção da verdade nua e crua, a menos daquelas de mais simples e direta comprovação, fica dificultada pela nossa limitação bio-mental.
 
Nossos sensores biológicos, ou mesmo nossos equipamentos tecnológicos são imperfeitos e nossa mente não fica muito longe disto. Nestes casos abre-se um leque de possíveis crenças e interpretações da verdade, mas para os fatos devidamente evidenciáveis, trabalhar em cima de um ceticismo absoluto é por mim impensável.
 
Entendo por verdade aquilo que muitas vezes é algo utópico, mas nem por isso devemos abrir mão de buscá-la. Chegamos cada vez mais próximo dela, quando cada vez mais refutamos as falsas verdades. A verdade é para mim a conformidade com o real, mesmo não possuindo valor intrínseco a verdade é por si só o próprio real em essência. Não devemos confundir a verdade com a realidade que superficialmente percebemos.
   
Entendo que se não atrelarmos a verdade com algo real tenhamos que mudar o conceito filosófico da verdade.
 
Muitos de nós confunde a verdade, com a interpretação que damos ou que é dada por diferentes pessoas a certas verdades que ainda não foram positivamente evidenciáveis.
 
 
Entendo que não exista a “MINHA VERDADE”, a “SUA VERDADE” ou a “VERDADE”. Existe tão-somente uma única verdade. Existe sim a minha INTERPRETAÇÂO da verdade, e sua INTERPRETAÇÂO da verdade e existe fria e realmente a verdade única, positiva, real e verdadeira.
 
 
Interpretar uma verdade evidenciável, por qualquer outra crença ou conceito que não o evidenciável me parece FANATISMO.
 
Algumas verdades são positiva e realmente evidenciáveis, neste caso não pode existir interpretações sobre ela que a desalinhem da verdade evidenciável. Em existindo tal desvio é fanatismo.
“A terra circunda o sol, qualquer outra interpretação diferente é fanatismo.”
 
 
Algumas verdades são não evidenciáveis, ou apenas parcialmente evidenciáveis. Nestas “verdades” podem existir diferentes interpretações, e a isto chamamos crença. Mas nenhuma crença pode ir de encontro com verdades previamente evidenciáveis, ou de novo estaremos no caminho do fanatismo.
 
 
A verdade é sempre única, muitas vezes coberta por turva nuvem que pelos nossos imperfeitos sensores bioquímicos, e pela nossa imperfeita mente, ainda não conseguimos compreender.
 
 
Não existe forma de provar a verdade da não existência de algo. Posso apenas racionalizar e onde o racionalismo encontra o precipício do seu fim, existe como saída a forma crítica e lógica de pensar. Mas de qualquer forma ela estará como crença.
 
 
Cuidado especial deve ser dado a uma verdade positiva, que pode ter várias formas de ser percebida, mas que por transformações matemáticas ou lógicas levem a mesma verdade. Um exemplo:
O CÍRCULO, que dependente de como o observamos, pode parecer um círculo, ou uma curva disforme, ou mesmo um simples segmento de reta.
Ao observarmos de frente ele é um círculo.
Ao observarmos de 45 graus ele é uma curva fechada disforme.
Ao observarmos de perfil ele se parece com uma linha.
Mas ele é sempre um círculo, e por transformadas ele pode ir de uma percepção a outra.
 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 10/12/2011
Código do texto: T3380930
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