Um soluço
Depois de você, acho que todas as minhas palavras perderam o rumo. Ainda faço frases. Vez em quando um poema. Um texto qualquer pequeno, com uma nota de caos... Perdi algo que não sei de que ordem é. Perdi uma dessas coisas que não têm nome. E se antes, o que eu escrevia era choro - era chorar! Um verbo completo! - agora, o que escrevo, o que rabisco e o que faço é soluço. Fica no ar... adormece no caos. A palavra é sempre insuficiente, não diz o que eu queria dizer. Não exprime. Não descarrega.
Ainda assim não consigo deixar de tentar dizer o que não sei dizer. Sentir tem sido complicado demais, mais do que já me era. Sei é que, por enquanto, quando falo de solidão o que quero dizer é "saudade"... E não há uma palavra, no dicionário inteiro, que signifique a "saudade do que nunca foi". Saudade que não é falta de um longo passado e sim, de uma longa - e agora torturante - ex-expectativa de futuro. Saudade de um desses horizontes, que de repente se vira e diz "não vai acontecer".
De que jeito se cura o que não se entende?...