Da Coleção: Sensibilidades - Fatos sobre Deus, o ópio, um ônibus e outras coisas:
A morte é, inquestionavelmente, o que há de mais injusto na vida. Não por toda a sua complexidade de não existência, ou pelo destino incerto que há, ou não,depois dela.
Destino esse, que certamente, todos passaremos. É o ápice de igualdade do ser, mortal.
Acontece, que toda falta para mim, é injusta. Principalmente uma falta de vida. Uma falta permanente, e insubstituível, de uma vida, que fez parte da sua vida.
Mas, a minha indignação está, na injustiça por tráz da injustiça dessa vez.
Como alguém pode, simplesmente desistir da vida, e continuar vivendo?
Como alguém pode, viver anos em uma cama por pensar que não há mais vida, enquanto outras vidas se importam, e se esforçam para reverter tal quadro?
Como alguém pode perder todos os sentidos e força, e desenvolver quadros patologicos irreversíveis, porque sua mente resolveu não viver mais?
Como é possível alguém morrer por depressão? Como meu Deus, como?
Quanto tempo perdido esperando a morte. E ela um dia, vem. Ela espera pacientemente, e observa o sofrimento de todos à sua espera, friamente...
Até que um dia, ela resolve vim, silenciosa, sorrateira, cruel... Uma bela terça feira a tarde, se morre... E por mais que o seu egocentrismo diga que não, há quem sofra, há quem sinta, há quem chore.
Há quem perca uma porção de vida, com a sua morte. Com a sua falta de vida. Injusta e egoísta falta.