O primeiro beijo

Lembrei-me de você agora, de quando me beijou.

Assim, repentino, impulsivo, quase que brusco.

Tomada pelo susto, sinto que demorei alguns milésimos de segundos para te beijar de volta.

E fomos...

Noite adentro, construindo o beijo.

Com os lábios, com as mãos, com o corpo.

- O beijo, que nem sempre é visceral, mas que sempre, sempre é construção. Construção simbólica. Trabalho paciente.

Vai-se tecendo algo de olhos fechados, para que só depois fique claro de que natureza é esse "algo".

O beijo, que é delírio compartilhado entre duas bocas...

Ficássemos só ali, de olhos fechados, delirantes, no escuro de nossos mundos individuais cerrados pelas pálpebras...

Tivéssemos nós, ficado imersos nesse doce conflito arcaico que é o primeiro beijo de duas pessoas - o susto de uma criança!

Ah... mas o corpo reencontra seu ritmo.

As mãos se desvencilham.

Os lábios separam-se.

E a gente tenta dar sentido às coisas que não precisam de sentido.

E a gente complica a vivência pelo desespero de viver mais um pouco.

(...)

Nanda NP
Enviado por Nanda NP em 07/12/2011
Código do texto: T3377399
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