Escrito na Adolescência.
Hoje pensei muito em mim. Engraçado é que não encontrei as respostas que procurava, não vi uma luz ou qualquer outra coisa que pareça ser boa.
Não encontrei nada. Vi um ser vazio por um instante, mas em outro, encontrei tantos sentimentos ao mesmo tempo, que me assustei... enfim, continuei me vasculhando; passei pelas minhas lembranças, pela minha infância... tão feliz, tão inocente, tão distante.
Passei pelas avenidas da pré-adolescência, tão revoltada e desafiadora, o primeiro beijo, a primeira paixão, a primeira briga comigo mesma.
E caminho agora, finalmente, pela extensas avenidas da adolescência... pelas dores, os medos, os amores mal resolvidos, os conflitos pessoais, as mentiras, os segredos, e pelo complexo conjunto de ações e reações que me guiam...
Hoje sou adolescente. Exagerada, dramática, apaixonada, responsável, às vezes revoltada com meus hormônios, às vezes tão alegre que pareço que vou explodir de tanta felicidade...
Amanhã; adulta. Exagerada e controlada, feliz, amando; porém apaixonada ainda, e também mais responsável. Trabalho.
Depois de amanhã; casada. Exageradamente feliz... e com filhos. Casa bonita com um jardim. Trabalho.
Depois de depois de amanhã: casada ainda, com netos, vivendo numa cidadezinha pequena de um país qualquer, jogando cartas com o homem da minha vida e escrevendo poesia...
(...)
Certo, a minha vida pode não tomar esse rumo.
Talvez eu morra amanhã, com o estado civil solteira, morando no mesmo lugar, trabalhando no mesmo lugar, fazendo o que sempre fiz. Talvez eu dure tantos anos quanto pretendo aproveitar a vida... e se isso acontecer, vou me lembrar disto. Deste texto. Dos meus dedos digitando isso, num computador que fica no centro da minha casa; do horário, logo após o almoço. E lembrarei também que preciso fazer tantas coisas agora, mas que enquanto eu não terminasse esse texto, eu não sairia dessa cadeira.
Promessa feita, promessa cumprida.
(....)