TRANSIÇÃO
Não se preocupe comigo
E nem com as lagrimas que você fez nascer em mim
Guarde o lenço no seu olhar
Porque as lagrimas o tempo se encarrega de secar
Quem quis você mesmo sabendo não te merecer fui eu
Aceitei que o sofrimento de te ver por um instante
É muito mais valioso que quando eu não sofria
Nem sequer lhe tinha minha bijuteria de brilhante
Eu quis você e toda a dor que vinha com seu desprezo
Pois mais vale a dor de sentir amor
Que o alivio de não sentir seu beijo
São as lágrimas que molham o chão e fabricam a argila
É a argila que endurece a lágrima e constrói o barro
O barro que contém as lágrimas que escorre para o rio
É o rio que dissolve o barro e transforma as lagrimas numa cachoeira
É a cachoeira que empurra a lágrima ao infinito mar
É o mar que esconde o sol depois do mundo admira-lo
E os olhos recebem de presente suas velhas lagrimas pra poder chorar
E nesse vai e vem de lágrimas
Suas mãos me acariciam o rosto e o coração
Minhas lagrimas lhe amolece a alma
Que de tão ressecada endurece o chão
(Mauricio Ife)
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