Hominem.

O homem procura em outros corpos o esquecimento, procura no calor alheio a força para apagar marcas profundas, procura em outros olhos os laços de amor que perdera outrora.

Mesmo assim, nem os corpos, nem o calor e nem os olhos fazem derreter o frio que castiga um coração abandonado.

Nem os melhores vinhos fazem aquecer a alma que de tão perturbada se faz companheira da dor.

Por muito tempo irá acordar durante a madrugada, amargurado e com o semblante em pranto perguntando-se se não havia sido fraco e covarde em não perseguir essa paixão

Em outro momento vai tentar odiar aquela que o tornou assim, mas, esse ódio seria uma espada de dois gumes e esse ódio irá retalhar o seu próprio orgulho e depois disso voltará a sucumbir ao amor platônico e lacônico.

Constantemente vai se perguntar onde estará a mulher que um dia jurou amá-lo. O que estaria fazendo? Será que estaria feliz longe dele? Será que ainda lembrava-se do homem que a amou? Ou será que se encontrava nos braços de outro alguém? Esse pensamento abrirá uma profunda fenda em sua mente e o sangue que correria por essa fenda seriam os sorrisos de felicidade de ambos que guardava no mais intimo e profundo de suas lembranças. Tais lembranças que guardava de forma imaculada como os ossos dos santos.

Porem, a única semelhança com esses ossos não eram de nem uma santidade e sim, de um estado mórbido.

E quando estivesse completamente embriagado por tais lembranças irá tentar se libertar e um novo ciclo vai se abrir. Mais uma vez vai procurar o calor de outros corpos, irá procurar aqueles cabelos perfumados que repousava entre os seus dedos quando esses os acariciavam com ternura.

Ora! O que seriam esses cabelos se não redes diabólicas que se estendem para aprisionar a alma do homem? O que seriam esses cabelos se não correntes para transformá-lo em escravos?

Quando o dia voltar, ele estará com aquele maldito buraco no peito. Irá contemplar uma face desconhecida a repousar do seu lado e sentirá nojo de si mesmo ao toque da outra. Aquilo que deveria ser de uma natureza normal vai se transformar em tormenta e carma.

Nesse momento nem todos os corpos do mundo poderiam devolver vida a esse corpo morto. E o seu coração estaria parado ainda em vida esperando que alguma alma semelhante abraçasse a sua alma atormentada onde ele poderia repousar nos braços daquilo que se chama “felicidade”.

Jemerson souza
Enviado por Jemerson souza em 28/11/2011
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