EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS EM LUTO (27/11/2011)
Eu vi em uma das redes sociais este Tema em foto de um quadro de giz e o republiquei em meu mural do facebook (laocoonte2@gmail.com.br). E não pude deixar de tecer uma reflexão que é a seguinte:
Enquanto acreditarmos:
A) Em PROMESSAS (lembramos que o Sr. Aécio Neves jurava em pagar Prêmio de Produtividade no 1º e 2º semestre – a que os meios de comunicação chamaram de 14º e 15º salário - como forma de campanha política e o PROFESSORADO e demais segmentos dos funcionários acreditaram e votaram em seu SUCESSOR – como ele esperava que aconteceria)
B) E não nos conscientizarmos de nossa CIDADANIA com reflexão e seriedade é isto que teremos:
eternização dos interesses dos burocratas e do NEOLIBERALISMO que aí está.
Não adianta fazer este movimento a que chamamos de GREVE e que não passa de adiamento de dias trabalhados. Pois, na verdade o que acontece é que, simplesmente, deixamos de trabalhar durante a semana para repor aulas aos Sábados e nas Férias.
Então, perguntamos:
1-Este movimento pode ser chamado de GREVE?
Se greve é aquilo que gera perda no presente – para o empregador e às vezes para o empregado, para se ter recompensas depois, onde houve o dano, a perda?
Se houver a reposição das aulas, estamos apenas adiando o trabalho, e se recusamos a fazer o CALENDÁRIO ESCOLAR extrapolar o CALENDÁRIO CRONOLÓGICO DO ANO CORRIDO – como acontece nas Escolas Federais - não aconteceu a greve.
Qual é a outra categoria que paralisa suas atividades por motivo de greve e repõe os dias ou horas parados? Tivemos a greve dos médicos, dos bancários e outros segmentos. Eles “pagaram” o tempo perdido?
Duas coisas influenciam o nosso imaginário coletivo e cultural enquanto professores ainda hoje:
a) durante muito tempo o magistério foi visto como sacerdócio (vamos lembrar que até os “sacerdotes” vivem de dízimos – imposto religioso – e ofertas em espécie dos fiéis) no Brasil devido a Constituição Imperial (1824) que estabelecia a ligação do Estado com a Igreja e as escolas até meados do Século 20 eram em sua maioria mantidas por ordens religiosas;
b) na época das ditaduras (getulista e militar), ideologicamente, a normalista (professora de 1ª a 4ª série do antigo Curso Primário) era chamada de ‘TIA’, como se fosse uma familiar que estava disposta para o bem comum da grande família que era a sociedade como um todo.
Temos, portanto, que desmitificar esta idéia. Afinal somos PROFISSIONAIS e não temos que ter compaixão (mas sim PROFISSIONALISMO) pelos nossos alunos.
Portanto, chamar este movimento que acontece anualmente em Minas Gerais de GREVE é cometer uma FALÁCIA.
2-Qual a eficácia deste movimento?
Se ele se repete sempre, ele perdeu sua eficácia.
Tornou-se obsoleto. Corriqueiro.
Toda a sociedade mineira sabe que o magistério pára suas atividades durante alguns dias para mais tarde ocorrer a reposição dos dias parados.
Isto não causa preocupação a ninguém.
O Governo espera que isto aconteça para ele cortar dias e pagar vencimentos aos poucos e com perda para o professorado.
Os alunos torcem para que ocorra a “greve” e ainda dizem: “é para a gente descansar”.
Os próprios professores tiram vantagens. Sobretudo, aqueles que têm um cargo de magistério público e outro na rede de ensino particular ou outro público municipal (enquanto trabalham em um descansam do outro).
A reposição não acontece devidamente porque sempre damos um jeito de ser “COISA PARA INGLÊS VER”.
3- Não está na hora de mudarmos de tática?
Pensem e reflitam.
Falamos como mineiro e professor a 30 anos de sala de aula:
‘TEMOS o Queijo e a Faca na Mão’ e não estamos sabendo parti-lo e degustá-lo.
O Século 21 é diferente do romantismo caduco do século 20 onde cabia movimentos levados pela paixão, pelo afã, pelo levantar bandeiras, de marcharmos pelas ruas com hinos que nos chamavam à luta.
Hoje a LUTA se faz com denúncias nas redes sociais; nomeando os maus políticos que prejudicam os funcionários públicos e não cabe mais acreditarmos em FALSAS PROMESSAS que nos fazem pertencer a um ‘CURRAL ELEITORAL’ fiel a um ‘CORONEL’ (hoje políticos corruptos, burocratas, políticos sem fidelidade partidária).
A Luta se faz com PROCESSOS JURÍDICOS, com denúncias públicas nas redes sociais e com o VOTO.
“Bem vamos embora, porque esperar não é saber. Quem sabe faz a hora e não espera acontecer.”
A Hora de hoje é outra e não a mesma que motivou o sucesso desta canção no Brasil da ditadura.
Prof. Leonardo Lisbôa - Bcena, 28/11/2011.