Gostar e Des'gostar
Peguei-me pensando no por que as pessoas se gostam e se des'gostam tão facilmente. E não pensem que não me incluo neste gostar e des'gostar. Porém, tenho visto, com bem mais frequência, pessoas se mostrarem excessivamente incontantes quanto aos seus sentimentos umas para com as outras. Não estou falando apenas de relacionamentos amorosos, mas de qualquer tipo de relação, de amizade, profissional, enfim. Não consigo entender como alguém pode se referir à mesma pessoa, um dia adorando-a, em outro, detestando-a. Mas tudo isso com muita facilidade, como se troca de camiseta. Em alguns momentos até pensei que estivessem de 'pegadinha' comigo, depois percebi que não, que a situação é séria mesmo.
Numa reflexão mais aprofundada sobre o assunto, dou-me por conta que o que nos falta é discernimento entre o 'não gostar de você e o nao gostar de algo que você fez'. Posso não gostar de alguém mau caráter, que rouba dinheiro público, por exemplo, de alguém que sei que pratica o mal, que sai por aí matando sem motivos, entende, mas deixar de gostar apenas por uma 'infeliz' atitude, porque cometeu um pequeno erro (de acordo com meus princípios é claro, pois o que é erro para mim, pode nem ser pra você, não é mesmo? ), não creio que seja justo, tampouco inteligente.
Ao contrário, seria atestar minha falta de visão. Um ato falho, de acordo com as sábias palavras do Mestre Paulo Flores: 'Por mais sábio que seja o homem, jamais poderá apontar os erros dos seus semelhantes, sem olhar pra dentro do seu próprio Eu e ver se nunca cometeu os mesmos erros ou se nunca os cometerá' .
Penso que deveríamos trocar certas expressões como 'detesto esta pessoa' por 'não concordo com esta pessoa no que diz respeito a tal assunto' ou 'não concordo com certas atitudes desta pessoa', o que não implica necessariamente deixar de gostá-la. Deixar de perceber suas qualidades. Isto nada mais é do que aceitar as diferenças. Será que é tão difícil assim? Discutir sobre os diferentes pontos de vista sem particularizar, mas sim com a intenção de entender, de se entender ou de se fazer entender, que seja; mas, principalmente, de aprender com a troca.
Refletir sobre o erro, com a intenção de repará-lo, seria um dos caminhos para a própria evolução. Seria não generalizar 'o todo por uma pequena parte'. O que necessitaria de uma pequena dose de humildade, eu sei. O que já nos apontou o Mestre Paulo Flores em outras palavras. Aceitar que nem sempre se está certo. Permitir-se errar, se arrepender, pedir desculpas e perdoar.
Desta forma, talvez, as relações não se desgastariam com tanta facilidade e a oscilação entre o 'gostar e des'gostar' seria menos frequente.