Matando palavras por lebres.

Então aqui estamos – século XXI – a era da informática – dos fios de cobre e do excesso de informação. Palavras – agora – carregam sentidos densos e infinitas significações. Não temos mais liberdade de escrever – sem antes pensar em cada termo e em cada pensamento que irá fluir através das mãos. Pena? Caneta? Isso é obsoleto e está perdido na nossa incapacidade – a agilidade exige cinqüenta palavras por minuto – dedos ágeis num “tec tec” sem fim. E não ouse escapar as normas da Associação (adicione aqui a nacionalidade) de normas técnicas: você corre o sério risco de ser riscado do patamar de intelecto.

Pensar é caos – escrever se torna filtro. Escolher as palavras adequadas – saber quem é o leitor – pressentir o que será interpretado – comunicação é a falha humana. Ainda que este problema – o da comunicação – tenha surgido desde que falamos o primeiro A – na era da eletricidade isso piorou – agora temos diversos filtros – diversos aparelhos – diversos métodos – diversas formas – diversas visões. É impossível não pensar nas (diversas) cores que o mesmo objeto pode ter – ainda que todos os olhos concordem que ele é azul. Vem na mente – imediatamente – aquele símbolo alquímico – o da espiral – tem alguma coisa no centro – que nós focamos desde o nascimento e pra cada um é diferente – ainda que seja a mesma coisa.

Nascemos no caos – isso já não é segredo para ninguém – mas agora – nesses tempos de liberdade egóica assegurada – estamos fingindo que ele não existe (ele = o caos). Muito se grita – muito se exige – pretendemos remendar todo o complexo de sociedade miserável e não conseguimos remendar o complexo da mente. Temos ânsias de organização e metodologias e não conseguimos entender – sequer – o motivo de existir.

Estrada sem saída tal – que qualquer manifestação de instinto se torna abominável: o vômito de um bêbado – o sangue de um enfermo – as fezes de um homem branco (perfeitamente normal). E ai surgem os salvadores – messias – budas – avatares – biólogos alemães – psicanalistas alemães – alemães – muitos – muitos alemães. Cada um com uma chave – cada um com um método e – então – aparecem os Franceses e criticam as chaves e os métodos para criar novas chaves e novos métodos e – então – surgem os árabes – para mostrar que os métodos e as chaves mudam completamente em seu território – enquanto isso – os hindus estão calmos em posição de lótus e seus deuses (ESTÃO) rindo sadicamente da tolice antropóloga.

Começa então a briga por chaves e por métodos – por palavras e por A(introduza aqui a primeira letra da nacionalidade)NT.

Palavras são ineficazes – macacos são ineficazes – homens são macacos.