[Um Certo Infinito Azul do Céu]
Eu amo pela obrigação de amar,
isto é: amo por não saber amar
e por não me interessar pela resposta
à pergunta que nem cheguei a fazer,
e que, no entanto, não se cala...
Não me importo se eu morro,
Não me importo se tu morres,
Não me importo se ele morre,
Não me importo se morremos.
[...E não me importo com o infinito azul do céu!]
Só me importo com as coisas
que eu posso controlar;
por isto, não me importo
que o outro nem se importe
com o meu não importar...
Refletindo mais: eu esqueci o significado
desse verbo... ou eu nunca o soube!
No desfiar das eras geológicas,
ninguém conta, ninguém importa
para a dimensão absurda do mistério
de existir sem razão, sem por quê.
Algumas perguntas são perfurantes:
visto assim, por que trepanar o crânio...
para deixar escapar a alma,
pitagoricamente presa ali,
para aquele infinito azul do céu
que em nada me importa?!
Não; nada importa, nada;
e muito menos importa
uma informação que não
se pode, ou se sabe usar...
[E como sempre, eu disse, disse, disse...
sem nada dizer — e nem isto importa!]
[Desterro, 26 de novembro de 2011]