Empresa, quartel ou senzala?
Corre daqui, corre pra lá
a agitação não pára
as horas passam e ninguém ver
apenas o corpo sente o relógio correr
Sorria, atenda
seja educada
um minuto por favor
outro serviço pintou
não posso ficar parada
A correria é válida
o cansaço faz parte
só não se conta com a sentinela,
o ser mandante
o ser pagante do meu salário
Sob seu olhar atento
se desenvolve o trabalho
não ria, não brinque,
não converse com o colega
o cliente chegou
não fale baixo, grite
ela precisa te ouvir
se ela te dirigir a palavra
acene a cabeça e não se esqueça de sorrir.
Sim senhora, não senhora
o funcionário que lembra soldado
mas parece mais escravo
submetido à vontade da ama
ser pagante, mas o mais errante.
Tenho que concordar?
Meu salário é você que paga
sobre ele nada a reclamar
recebo mais do que lá no interior imaginava em ganhar.
Mas será que devo sacrificar?
Sacrificar meu orgulho?
Sacrificar meus valores?
Sacrificar o certo?
Tudo isso por dinheiro?
NÃO!
Eu quero mesmo é ser feliz
ganhando menos, talvez
mas dona da minha vontade
dona do meu nariz.
Então fique com sua falsidade,
seu preconceito, sua arrogância
fique com a sua empresa, o meu emprego
e a sua ganância.
Pois eu quero mesmo é ser feliz,
quero ser dona do meu nariz.