Enfim seres humanos
O pesar passou, parou, o ano acabou. Nossas almas gritam desesperadas
Queremos um riso, um ninho, um lugar pra se guardar
Terminado o ciclo zero, o fim
Horas erradas, corpos marchando contra o vento
Agora somos meninas, mulheres, fabulosas, ardorosas, até maldosas se necessário,
santas se possível, talvez crianças, só não podemos mais rezar...
Janices, Alines, Alices, Marias, Anas,Patrícias,Carolinas, Veras, Helenas...
Queremos tudo e nada
O nada pra tudo e tudo pra quase nada.
Vicentes, Marcelos, Rodrigos, Adrianos, Felipes, Josés, Pedros, Luizes...
Grande rua essa que se abre nas noites frias, nas lágrimas da moça que corre,
na esquina dela, o vi à procura de escape
Dêem-me asas a voar, se não, um vale pra eu saltar, mas conceda um mar verde e anil,
lá embaixo esperando me agarrar.
Se descer,meu corpo nu de viúva jovem vai estar, e nas areias marcas do meu calejar.
No fronte o sol a radiar, raiando e a pele branca arranhando.
Amanhã a lua nova, a nossa Bossa no silêncio tumular para repensar.
E se repensar,
for voltar ao passado, deixa pra lá, ei de querer requerimento do meu novo renascer,
ou do meu ano novo, de novo.
Bonito, belo, ver os corpos em cima dos corpos, num breve “sorver”, para sentir,
diluir a chama das entranhas, o desespero do insustentável, sublime obra.
Corredores claros e limpos, taças caras e sujas, um brinde, um “click” o cristal quebrado,
um vinho “selado”, peitos e seios encharcados no lençol desarrumado
Frases bem ditas, músicas malditas, cacofonias da exatidão
Viemos confundir, dançamos, deslizamos e batemos a cabeça
Consumidos, consumistas, situação, oposição, megalomaníacos assumidos, bebedores sociais anônimos, ninfomaníacos se capazes, francos do dia, mentirosos da noite, passageiros de qualquer lugar para qualquer planeta.
Livres de limites, cheios de certezas, subprodutos da própria e ignorante confusão, enfim meros e “eternos” seres humanos.