Uma conversa com a vida.
Posso ir embora? Posso, vida? Estou com a passagem para o céu na mão, comprei em uma lojinha pequena no centro da cidade. Quem vê de fora, as grandes tapeçarias expostas na vitrine, nem imagina que lá dentro vendem-se venenos fatais. Eu também não sabia, mas o destino fez com que eu encontrasse esse pequeno vidrinho vermelho aparentemente inocente. O cheiro é tão bom,vida. Só de senti-lo eu já fico tonta de tanto prazer. Acho que a morte tem um gosto bom, afinal. Ah, pobre de mim.. Tive que chegar a esse ponto, esse irremediável caminho. Tudo estava desmoronando ao meu redor, você viu o meu desespero e a minha agonia. No niilismo eu mergulhei e minha existência questionei. Nunca bomba de vazio e insignificância eu me encontrei. Entende-me não é mesmo? Bom.. Você é a única. Todos me julgaram quando descobriram o meu anseio pela morte e disseram-me para deixar de estúpidas crises existências. Mas eu não lhe dei ouvidos, pela primeira vez na vida a opinião alheia não me foi importante. Mas chega de conversa. O meu veneno, a minha passagem para fora dessa vida, me espera animosamente com um grande sorriso sutil e um cartão de boas vidas.