Saudade! Nada mais...
Se eu soubesse definir o que era saudade descreveria agora para contentar o meu pensamento, e não incluir nesse pensar outros adjetivos, que me fizesse devanear para satisfazer minhas lacunas.
Decerto não conseguiria revelar sua dimensão, pois entre o meu sentir e o meu expressar existe um espaço que não consigo mensurar e, que a meus olhos, parece ser infinito.
Sua origem de além-mar nos ajuda a transcender no tempo das aventuras, sem perder sua conexão com o real-presente-efêmero.
Enganam-se àqueles que pensam que [Ela] só existe quando a distância física se manifesta. A pior das Saudades é aquela que os olhos veem, mas que a sua correspondência se torna invisível ao sentimento do outro...
Se os olhos veem e o coração acredita sentir, como se contentar diante dessa dor invisivelmente concreta? Talvez, se nos lançarmos ao ostracismo da percepção poderemos atenuar o fardo do real que não se vê, mas que se sente!
A ideia de tempo nos ajuda a mergulhar em universos alhures... Ressignificando a nossa compreensão do valor que tem o passado e da importância de viver o Carpe Diem.
Mas, contudo, a intransigência do querer não nos permite refletir profundamente, e, às vezes, o preço que se paga torna-se muito elevado, causando fissuras nas colunas de sustentação de nossas vidas.
A sociedade contemporânea nos levar a ser plurais, ou seja, seres singulares pluralizados, que se relaciona com o mundo em múltiplas plataformas de sentidos sem raízes fixadoras, tornando-nos suscetíveis a diversas ondas de neologismos, muitas vezes, sem nenhuma significância, mas de consumo imediato e midiático.
O tempo fala por si só, e a saudade jamais se dissociará dele. Ela encontra-se vinculada a sua temporalidade, num movimento de imersão e submersão constante que só a sensibilidade consegue mensurar e dar a dimensão de sua intensidade.
A Saudade é o espaço de encontro que a vida permitiu aos sensíveis, não aos outros...