A Ressaca Retumba e em Miséria Redunda

Depois de 695 textos publicados tudo o que sei é que não sobra sobre muito o que falar. E, se sobra, o modo de falar batido me cansa nas primeiras linhas. Por inúmeras vezes tentei viver de arroubos catárticos - me ver escrevendo somente quando faltarem duas palavras pro derradeiro ponto final de um texto -, mas me vi fracassando até nisto, porque é algo que gosto de verdade de fazer. Depois de 695 textos publicados, além de outros 300 que estão na gaveta ou se perderam na formatação do meu HD, tudo o que sei é que parecem não me sobrar tormentos mentais para lidar com. Parece que limpei toda a sujeira da minha alma. E se sentir limpo é ruim. Às vezes tenho vontade de excluir todos os 695 escarros que publiquei naquele site. Sem backup, sem nada. Puff: e ninguém jamais soube que eu, por algum tempo, me senti escritor. Voltar ao ostracismo de onde não deveria ter saído. Me ver livre da queimação de neurônios que cada escolha/criação de título suscitou. Fazer melodramas só na minha cabeça; empilhá-los todos e fazer com que me enlouqueçam. Sem que ninguém fique sabendo; sem que ninguém se identifique, menospreze, repugne, idolatre, ame; sem os "hum, gostei" quando quero um feedback extenso e detalhado; sem os feedbacks detalhados quando não quero saber de opinião alheia alguma. Sem os "aconteceu mesmo? De verdade" e sem os "Affs" ou os "kkk" da vida. Sem tudo que, enfim, eu passei 22 anos da minha vida desconhecendo. Sim, de repente acordar e ver que nunca vivi histórias que inventei e que nunca inventei histórias que não vivi.

16/11/2011 - 21h53m

Placebo - Special Needs

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 16/11/2011
Código do texto: T3340016
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