Gota a gota

Existem dores que necessitam

Esvair gota a gota

Pois por mais que jorrem

Em momentos necessários

Creio que são só sinalizadores da dor maior

Que ainda não achou seu esvaziamento.

Esse tipo de dilaceramento deve ser respeitado

Silenciado no seu mais intenso derramamento .

Em seu tempo acatado

Sem risco de ser violentado

Pelo ímpeto do próprio vazio

Que não mede os extravios.

Excessos ou faltas matam

E descaminham o que precisa

Ser colocado no lugar

De modo mais estáveis

Mais alocáveis.

Creio na vida mesmo

Quando já desprendida

De todos os sonhos

Em outro plano renascido

Onde o riso é realmente risonho.

Por isso também creio que até

Mesmo inconsciente

Somos ávidos por existência

E às vezes insistimos na permanência

De coisas remanescentes.

Somos eternos

Mesmo antes de sairmos do seio materno

Ser mãe acho também que é isso.

Dar vida até mesmo ao que veio

Pra não ser visto.

No colo acalentado

Ou no seio amamentado.

Saber que ali habitou amor

Criou asas devidas e voou

Já que o tempo que lhe cabia

Já satisfazia o plano maior

Que sabe o que é melhor.

Acreditar em acaso é priorizar atraso

Por isso não lamente

O rumo certo dos ventos

São eles que trazem e levam

O bom e o mal tempo

A hora certa de cada momento.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 12/11/2011
Código do texto: T3332201
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