Desabafo da minha vã filosofia
É silêncio
E é madrugada
Calor.
Eu queria levantar
Tomar água
Ler um livro
Pensar sobre a vida.
Mas é silêncio.
Essa infernal falta de sons
Das infinitas madrugadas
De calor
Na minha mente.
Então, eu não consigo levantar
Eu não consigo agir,
Ou pensar.
Deve ter sido essa vida
Sistemática, essas regras inquebráveis
Essas obrigações inexoráveis,
Todas as pressões insuportáveis
Que me fizeram esse ser
Vegetante,
Que só deseja deitar na cama
À noite, torcer para que a noite dure
E de manhã pensar em tudo isso novamente.
É madrugada.
Nenhum ruído, parece que até a conciência
Cansou-se e emudeceu.
O lirismo anda sedento.
E eu queria o frescor
Das letras de um livro desaguando sobre mim.
Eu queria o alívio
De um pensamento aturdindo minha mente,
Esta mente que anda erma, e onde faz muito calor.