teríamos o mundo inteiro, e até um pouco mais

Insistindo em ficar imerso num mundo de pura fantasia, onde a felicidade tem definição clara e coerente, estou eu, sorrindo para ela.

Em questão de segundos eu já estava apaixonado, idolatrando sua beleza e me perguntando se aquilo não era apenas um sonho. Por Deus, seus olhos eram lindos. Evitava seu olhar e seus sorrisos que diziam já saber de tudo.

” Eu nunca tive sensibilidade pra esse tipo de coisa mesmo “, pensava eu, enquanto lutava para me convencer que não nascera para aquilo. Nunca soube lidar muito bem com toda essa questão sentimental, e me imaginava alheio ao mundo como ele é. É toda aquela história de saber que, de fato, existe muito ” peixe no mar “, porém se lembrar que está no deserto. Desconsiderando a tosca metáfora empregada e o acentuado teor depressivo, é mais ou menos isso.

Agora ela me encarava, como se me desafiasse a tomar alguma decisão prática que, na minha concepção, resultaria em decepções e lágrimas. Como sempre, eu não suportaria a rejeição de modo tão explícito, tão direto.

Enquanto o tempo passava, o pensamento de que eu só teria aquela chance me deixava cada vez mais nervoso, desesperado (empregando um termo mais preciso). Todo esse conceito que criam em torno dos relacionamentos amorosos é incrivelmente desencorajador. Saber que existe uma, e apenas uma alma gêmea para cada pessoa não tem o mesmo efeito esperançoso em mim como acontece com o restante da população. Serve apenas para me amedrontar, fixando a ideia de que ela pode ser essa alma gêmea e essa minha única chance de fazer dar certo. Sistema perfeito, certo?

Alguns minutos se passaram, juntamente com aquele pavor inicial de topar com a garota mais linda do mundo (e não vá me dizer que só percebeu agora meu estilo exagerado e paranóico). Consegui me convencer que deveria me aproximar de alguma maneira, nem que isso envolvesse um tropeço “acidental”. Clichê demais. Da mesma forma que ir e perguntar as horas seria suspeito. Ainda mais com aquele relógio gigante pregado na parede lateral.

Por mais que eu tentasse achar alguma característica nela que não me agradasse, tudo perdia o sentido quando ela sorria. Mas acho que é assim que essas coisas funcionam. Eu sei que não me acostumaria com a ideia de perder a mulher perfeita por simples e inaceitável medo de dizer oi.

Levantei. Lentamente caminhei na direção dela. Naquele momento, eu já não pensava. Diria a primeira coisa que surgisse em minha mente e, com sorte, seria algo com o mínimo de sentido necessário para o inicio de uma conversa.

Poucos metros faltavam para chegar até ela, e eu já não me importava mais com o que dizer. Só me assustava com o quanto ela ficava mais bonita conforme eu me aproximava. Pronto, eu estava ali, mais dois ou três passos e eu estaria falando com ela, finalmente. Quando, de repente, algo me atingiu. E me destruiu completamente. Algo que não faria tanta importância numa situação isolada, porém, ali, naquele momento, era o pior que poderia acontecer. Avistei, descansando em seu dedo anelar, uma aliança.

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Uma das poucas coisas que me conformava era saber que os finais felizes, fora da tv, não acontecem para todo mundo. E minha única certeza naquele momento, era saber que aquele não era o meu final.

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Willian Sousa
Enviado por Willian Sousa em 02/11/2011
Código do texto: T3313813
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