QUE VENHAM OS TEMPOS...
Somos, não tem jeito, bichinhos aferrados ao tempo. De modo que o vejo (tempo) como inexorável marcha do futuro em direção à nossa totalidade. Martín Fierro, tremendo poeta argentino,(José Hernández) assim o define: “tardança daquilo que está por vir”.
Nossa imanência (enraizamento) jamais há de ser pretexto para a demência. Ora, nossa estrutura básica se alicerça na TRANSCENDÊNCIA. Tal faculdade - Transcendência -, é, sem dúvida, nossa vocação maior, ou seja, a isto somos chamados. No dizer de Leonardo Boff, queremos romper limites, queremos superar e violar os interditos, queremos, sim, nos projetar sempre num mais além.
Destarte, que no tempo porvir nos abramos, sem medos, para tudo aquilo que dignifique e enobreça a humanidade, enfim, para tudo aquilo que a potencie. O mestre citado (Boff), preocupado com a falsa transcendência, nos adverte: “Julgo que o critério para saber se a transcendência é boa está na resposta que damos a esta pergunta: em que medida tal experiência ajuda a enriquecer e a assumir o cotidiano? Ela representa uma fuga ou um álibi para o cotidiano, um endeusamento e uma fetichização daquilo que representa sentido para nós? Se a experiência não amplia nossa liberdade, não nos dá mais energia para enfrentar os desafios do cotidiano, comum a todos os mortais, não nos faz mais compassivos, generosos e solidários, podemos seguramente dizer: fizemos uma experiência de pseudo-transcendência. Saímos mais empobrecidos em nossa realidade essencial, que é a de existências que se constroem com decisões de liberdade, assumindo honestamente os desafios e estando à altura deles”.
Portanto, que venham os tempos (2007, 2008, 2009 ...), pois saberemos vivê-los intensamente, sabiamente, saborosamente.