Era infeliz e não sabia!!!
Era infeliz e não sabia
O que você pensa? É fácil? Não! Toma seu lugar e assista ao espetáculo. Eu fiz parte daquela ridícula encenação e, pior do que isso, acreditava que era feliz. Achava-me esperto. Quanta bobagem! Era só mais um palhaço no picadeiro. Sorrisos amarelos se desfaziam e a arte estava encerrada. E lá ia eu, crendo no poder que nunca tive, realizar meu instante de glória efêmera.
Mas meu instante de delírio febril durou muitos anos, pois parecia crescer. E cresci, porém não o bastante. Seria preciso crescer mais? Claro e sabe de quem era a exigência? Minha. Só minha. Não queria ser só mais um na multidão. Queria ter aplausos, receber honras, gratidão. Quanta ingenuidade! Por mais que bem fizesse, não teria nunca crédito para eventuais falhas. Eu sei de quem se espera muito. Meu Deus! Entendo, não fui dos “excelentíssimos”, todavia estive muito acima da grande maioria. Mediocridade! Sentia-me honrado mesmo não sendo excelência.
Bravio, lutar por algo que se acredita, não obstante torna-se ignoto não abrir os olhos para a janela do real. Eu sei que o medo de encarar o vento era meu, pois me conformara com o conforto ou falsa sensação de conforto que tinha naquele ambiente ao mesmo tempo conhecido, ao mesmo tempo gigante e com formas simbolistas.
A coragem pautada do grande sonho, a audácia questionada por tantos, a certeza na fé que se fortalece, tudo culmina na inimaginável conquista e na feliz comprovação: era infeliz e não sabia!
Sorrisos. Aplausos.
(Fecha-se a cortina)