Somos porque existimos ou existimos porque somos?

Nunca me ocorrera porventura que fosse, escrever algo tal como me proponho aqui. Poder-se-ia ser demasiado leviano...

Escrever o que? O que teria eu para expressar?

Às vezes acho que a vida passa em brancas nuvens... Passar pela vida é muito fácil, deixar impressões de que a viveu, contudo, é o fim desejado.

Não só por mim – que escrevo estas simplórias linhas – mas por todos aqueles que desejam a vida em sua plenitude.

Vários autores e escritores se dispuseram a tentar compreende-la: Spinoza, com seu “Tratado para a Correção do Intelecto” quis definir virtudes ao qual considerava essenciais para usufruí-la em toda sua intensidade.

Creio que esta prosa esteja tomando um outro rumo... Não é este meu intento.

Aliás, não tenho ainda idéia de meu intento. Gostaria de poder de discorrer das virtudes que considero precípuas ao homem: sabedoria, coragem, fé, amor...

Ainda as existem? Sinceramente não sei. O que vejo são seqüelas, resquícios de nossa primaz essência – que no estigmatizam e nos maltratam de forma vil e tosca.

Seríamos ao acaso bárbaros por essência? Indubitavelmente gostaria crer que não. Basta que olhemo-nos uns aos outros: o pessimismo, o egoísmo e tantas outras vertentes massacram minha alma de tal forma que não consigo, não tenho locução mental para reagir.

Gostaria de mais vezes expor – assim como faço agora – os pequenos enleios de minha vida. Vou tentar: “... e àquela hora, só conseguia pensar numa coisa – o que o futuro me guardaria como destino? Dentro daquele ônibus sentia-me cada vez mais só, relegado às minhas próprias lembranças. Sem ninguém ao meu redor, tudo o que me dispunha a fazer era escrever. Então se encerrava naquele velho paradigma, escrever o que?...”.

Destarte, não é fácil o que há poucas linhas atrás tentei fazer – é isso que me deixa cálido, sem vontade nenhuma acerca das letras. Por que o pensamento não condiciona a escrita?

Como gostaria devanear nas linhas tal como minha mente! Mundos inimagináveis, situações, lugares exóticos, pessoas que ao acaso nem sei se existem – o tudo e o todo me correspondem ao pensamento...

Quanto a mim, pessoa – ou melhor – um existencialista, já que sou humano (salve Sartre); não consigo compreender a dimensão do meu destino. Também nunca me propus, de fato, a compreendê-lo. Doravante, o que corrói é saber tanto de tantas coisas e, ao mesmo tempo, não saber de nada em certeza absoluta.

São teorias da conspiração, livros malditos, a história por trás da história... Realmente o mundo é muito complicado. Será que a vida também o é?

Sempre me disseram que a vida é muito fácil. Nós é que a complicamos. A bem da verdade, concordo com esta assertiva. Precisamos de muito pouco para sermos felizes.

Só não consigo entender porque o homem que se diz “sapiens” não coloca sua sapiência na solução das nossas mazelas comuns. Será que é tão difícil assim?

Considero-me ainda incapaz de discorrer sobre isso. Quem sabe um outro dia?

Por enquanto me atenho a deixar somente uma pergunta no ar: Somos porque existimos ou Existimos porque somos?

Ad majora natus.

Alexandre Casimiro
Enviado por Alexandre Casimiro em 28/12/2006
Código do texto: T330155