Há de chegar um tempo

Há de chegar um tempo

Que vou ler os livros que não li

Que por falta de tempo

Suas páginas ainda não abri

Deixar os sonhos de lado

E fazer existir além da fala

Gritar meus textos calados

Antes empoeirados na estante da sala

Há de chegar um tempo

Em que vou por o pé na estrada

Quer por falta de tempo

Só andei nas margens das calçadas

Vou tirar o terno e a gravata

Jogar no rio os documentos e a velha maleta

Adentrar-me nas trilhas da mata

Sair por essa vida sem precisar fazer careta

Há de chegar um tempo

Em que vou nascer para o novo

Que por falta de tempo

Ainda não acabei de quebrar a casca do ovo

A vida é um trilho de trem

Que tem um começo e um fim

Sou a locomotiva que quer ir além

Daquilo que o mundo miseravelmente reservou pra mim

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 25/10/2011
Reeditado em 25/10/2011
Código do texto: T3297031