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Oi, meu nome é Eduardo. Na verdade é Antônio. Mas prefiro Eduardo. Tenho 16 anos e sou violinista, sempre quis tocar piano, mas violino é suficiente. Desenho e escrevo. De fato eu desenho muito bem, sempre quis pintar, por diversão, sem o intuito de lucrar. O que eu queria mesmo era ser a arte, que me dedicassem romances e poemas, queria inspirar pinturas, obras-primas, mas não tenho uma beleza honrada, uma personalidade interessante ou qualquer outra coisa. Quisera a vida que eu fosse o artista. O homem raramente é a arte. Somos sempre os artistas. Bem, é mentira, nunca toquei violino nem nenhum instrumento, mas sempre achei música interessante, e, aliás, é uma ótima forma de se expressar. Eu sempre quis ter um cachimbo, como enfeite, porque eu não fumo. Acho elegante e rebelde, mas não consigo, detesto cheiro de cigarro. Não me importo com os riscos, afinal, riscos todos correm. Só não gosto mesmo. Só sei que quero o cachimbo, um modelo bent apple, preto e marrom, o fornilho de madeira envernizada. Lindo. Um cara inclusive, se não me engano um alemão, fez um poema musicado ao cachimbo. Uma ária, fala sobre a imortalidade (e cachimbos). Quero o cachimbo como quis óculos redondos, como os de John Lennon. Se não posso ter, não quero que ninguém tenha. E isso é meio egoísta. Também menti sobre meu nome, não é Eduardo. Mas acho um nome forte; Eduardo... Pra dizer a verdade, não gosto do meu nome. Mas esse é o meu menor problema. Abrevio de duas formas, uma quer dizer passado, e a outra futuro. Tenho um nome curto e molhado, como, por exemplo, a palavra sopa. Meu nome soa como sopa, ou molho. E não casa com o sobrenome. Engraçado, pois esses dias disseram que sou uma pessoa seca. Sou seco com um nome molhado. Fora isso, é um nome complicado, não existe em livros do tipo “Nomes para o seu bebê”. Descobri esses dias o seu significado, é de origem irlandesa e significa desejos.