A memória do homem lúcido
Sim, o homem lúcido tem memória e esta capacidade lhe confere as condições para a auto-crítica e para a compreensão do tempo e das ações vividas nos espaços por ele ocupados, o que é fundamental para seu crescimento, profissional, sobretudo, pessoal, pois de nada lhe servem as conquistas e toda energia empreendida se não lhe servirem, também, para torná-lo mais humano, mais desprendido, sais solidário, mais ético.
Lembra-se daquela história da infância, sobre espertalhões que enganavam o Rei, dizendo que iam vesti-lo com um traje finíssimo? A toda hora eles pediam mais dinheiro, porque os botões invisíveis eram mais caros, o fio invisível era mais caro, a bota invisível tinha que ser trazida de muito longe (por isso, era mais cara). No final, o Rei sai muito orgulhoso desfilando pela rua e todo mundo nota que ele está nu, mas ninguém tem coragem de falar. Só um menino, que ainda não conhecia o que era a pequenez dos espíritos enciumados, que não precisava temer a ira e o poder da majestade, tem a audácia de verbalizar o óbvio.
Uma questão sempre velada, mas latente no meio universitário é sobre as relações doentias desenvolvidas e alimentadas em seu interior. Quando profissionais se destacam pela consciência de um profissionalismo competente e desprendido, articulando ações que culminam em conquistas coletivas, infelizmente, ao invés do reconhecimento coletivo, são vítimas de sentimentos mesquinhos como o ciúme, a inveja e a desqualificação de seu trabalho por meio de estratégias, igualmente vis.
A resposta, obviamente, está baseada numa questão de tempo e de percepção.