Volume 0
...
Enjoei de tudo.
De dormir e acordar, das cores do meu quarto, do meu sorriso, de sol, de chão, de tudo.
Como mudar isso? Não muda. Vou ler uma história bonita com final feliz como sempre faço.
É... serei sempre a mesma pessoa, quer esteja mais gasta, mais velha, mais passada.
Morrerei igual, carregando tudo aquilo que quis e que não quis pelo caminho.
E outra de mim virá. Outras de mim. Outras mil.
Tudo ficará sempre igual. Apenas na iminência de mudar, mas na inércia do permanecer.
O sempre não existe, porque se transforma em condição obrigatória de existência.
Tudo é para sempre e o sempre é todo igual.
E não importa o que se faça, as realizações estúpidas em que acreditamos, os desejos infantis que buscamos, as épocas mais febris que enfrentamos.
O amanhã será sempre hoje.
Sempre.