Eu tenho esperança

Acordei

Com uma vontade

De ver e viver

Em um mundo novo

Sem as diabólicas tramas

Ou o surrealismo do cotidiano atual

Onde as pessoas fossem

Mais sinceras verdadeiras e gentis

Sem mentes aprisionadas

Desnorteadas pela loucura desse sistema

Sem corpos, sem pranto

Sem rios de sangue

Lavando a calçada

Após a carnificina

Chove lá fora

Fico observando as gotas de chuva no asfalto

Antes da chuva engrossar

Alguns pingos não eram relevantes

Ou ameaçadores

Mas todos os pingos juntos e de uma vez

Intensifica sua força

A chuva ganhou um corpo e está forte

Sinto toda sua magnitude

Saio lá fora com minha jaqueta impermeável

Apenas para sentir

As gotas de chuva tocando meu rosto

Lavado minha alma

Renovando a esperança

De viver em um novo mundo

Derrepente

O único som que ouço

E o poder da chuva e seus milhões de pingos

Tocando o asfalto

Imagino a força da união

Sozinho, sou apenas mais um

Na esperança de dias melhores

No entanto mais vozes somadas a minha

Produziram um alto som

Capaz de ser ouvido do alto

Do baixo

Percorrendo os campos, serras, montanhas e planícies

Não tem como saborear um fruto

Antes de plantar uma semente

Regar e aguardar seu crescimento

Com paciência e humildade esperar seu florescimento

Dai colher e saborear seu fruto

Não damos muito valor as coisas hoje

Temos tudo "na mão"

Consumimos sem a idéia do trabalho, do cuidado ou da cultura

Não acompanhamos o processo com paciência

Apenas estendemos as mãos e retiramos das prateleiras

Tudo é tão rápido

Instantâneo eu diria

Sinto a terra agonizando

Implorando por misericórdia

Gritando ainda há tempo

Faça alguma coisa

As lagrimas misturam-se as gotas de chuva

Não sei discernir uma da outra

Devaneei um instante

Ao pensar que a chuva

Fosse a terra a chorar

Ainda tenho esperança

De viver dias melhores

Onde possamos ser como crianças

Capazes de perdoar, amar

E cuidar

Com aquele mesmo entusiasmo e sorriso

Que tínhamos na infância quando ganhávamos um presente

Do pai amoroso e rico

Quando criança, achamos nossos pais os mais ricos do mundo

Por que? Porque as crianças são inocentes

E nessa ingenuidade

São capazes de valorizar

Pequenas coisas, gestos e atitudes

Não entendo porque muitos perdem isso com o tempo

Eu mesmo quase me perdi, iludido com a vida "sem economia"

Imagino nosso pai

Olhando profundamente

Em nossos olhos

Dizendo

Filhos meus

Cuide com carinho

Do Presente

Que papai lhe Deu

Dias melhores

Eu tenho esperança

Leonardo Moura
Enviado por Leonardo Moura em 17/10/2011
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T3281631
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