Na Contramão do Mundo

O princípio filosófico da contradição diz que uma coisa não pode ser e deixar de ser ao mesmo tempo. Define-se como padrão de sentimentos que alegria é sinalizada com o sorriso e a tristeza com as lágrimas. Ora, há quem não controle o riso num momento de grande tristeza, e quem não controle as lágrimas num momento de grande alegria. Podemos dizer que isso é humanamente possível, pois lidar com o ser humano é lidar com o paradoxo.

Hoje o mundo exige de nós coisas contraditórias. Há tanta gente sofrendo e o mundo quer que nos alegremos com a nossa vida somente. Poderíamos ser convidados a partilhar da nossa vida para amenizar o sofrimento do outro, nos alegrando com a vida de todos. Mas o convite hodierno é contrário às expectativas de quem não pensa pelas influências dos formadores de opinião. Existem poucos momentos em que podemos ver e ouvir um apelo pela igualdade de direitos, por sorrisos partilhados e compartilhados... mas que se perdem em meio ao apelo do egoísmo que incentiva uma caminhada solitária em busca de reconhecimentos e glórias individuais.

É quase uma exigência a busca de sermos entendidos... e esquecemos de também entender. Ser amado por tudo e todos... esquecendo de também amar. Ser recebido com abraços, sorrisos, beijos, afabilidade... e esquecemos de abraçar, sorrir, beijar, esquecemos a afabilidade em favor do outro.

Queremos e buscamos holofotes e ovações para nós, e deixamos de nos alegrar e valorizar e sorrir e cantar e ovacionar e aplaudir as ações dos outros... as conquistas dos outros, por menores que sejam...

O mundo aponta direções egoístas, as setas apontam caminhos contraditórios à linguagem do amor verdadeiro, da alegria sincera, da amizade aconchegante, do olhar que apoia e incentiva. O mundo está errado? Nós somos as setas desse mundo... nós apontamos caminhos conforme queremos, nós somos o mundo. Vamos praticar o princípio da contradição? Vamos ser seres movidos pelo amor que vive o amor?

Que tal levantar a bandeira da contradição por uma causa justa e caminharmos na contramão do mundo?

Avante! Nós somos o mundo que queremos e podemos ser. Contraditórios, paradoxais... não importa como nos definimos, importa como agimos pela nossa definição. Sejamos uns em favor dos outros.

É isso. Deus seja em nós sempre.