DO POETA...

Poeta de verdade (raro, convenhamos) vasculha palavras e imagens numa busca lúcida, consciente, crítica (sem expulsar, é claro, a paixão) de expressar os problemas existenciais. Flávio Kothe acertou: “Folha de poesia não é papel higiênico de uma alma infeliz”. Grandes Poetas são desbravadores dos abismos humanos, sondando, com denodo, nossos “mistérios” e nos provocando com inteligência. Cada leitura, como ensina Leyla Perrone-Moisés, “esclarece, alarga e valoriza nossa experiência de mundo”. Hermetismo poético, depressões privadas, chateações sentimentalóides e qualquer tipo de purgação individual (catársis) revelam (se imaginados como Arte) apenas mediocridade.

Cuidado: “achar-se” ou “achar-se demais” é narcisismo “neuroatoleimado”.