Queda dos inocentes
O meu anjo caiu
Cortaram lhe as asas
Podaram a auréola
Riscaram sua face
Na face rictos de dor
No corpo marcas da tragédia
Mancharam seu sangue
Com sangue infecto
Ele agora sabe o gosto do pecado
Lavaram seu corpo com água do pântano
Para que possa sentir na carne o suor queimando
Cheira suor
Bebe água de poça
Virou marginal
No mundo desumano
tornou-se cruel
escravo do ócio
a merce do ódio
Amor, não sabe
Desconhece
Esquecido no fundo de uma garrafa de vodca
Tornou-se amargo
um ser errante
Um ser pensante
Num mundo sem nexo.