Coleção dos diários nunca lidos. XI
Foram horas seguidas de reflexões em vão
Carregadas de um apelo facial pelo choro
Junto com aquela pequena dor aflita
Que sempre vem travar o maxilar
Caminhava sobre o canal de ventilação do metrô
Corriqueiramente ali o vento é bem frio
Mas hoje estava morno e mórbido
Movendo as roupas e cabelos vagarosamente
Era como aquele sonho infantil
Em que se pode voar; deixar de sentir o corpo
E ao mesmo tempo
Ser o dia mais triste e solitário que já teve na vida
Além do mais, garoavam pingos de amorter a pele
E os sinos da igreja badalavam compassados
Todas as pessoas pararam de caminhar
Pra sentir o vento gélido deste entardecer
Enquato ao céu cizento subia um balão branco
Até sumir no meio das nuvens homogeneas