APATIA

Apatia

Canseira das mesmas coisas

Do abajur da cabeceira

Do chinelo, penteadeira

Do teto branco de gesso.

Canseira dessa rotina

Das palavras que destoam

Do que levo aqui no fundo.

Canseira tanta do mundo

Das coisas que se repetem

De mim, imagem do espelho.

Preciso de outro prisma

De visão do que é inteiro

Geometria do canteiro

Roseiral, coberto em flor.

Preciso de outro tinteiro

Outro papel, outra idéia

Outro pensar, outro anseio

Que me leve a reciclar.

Tudo me parece antigo

Tudo me parece cinza

Tudo parece vertido

Da matriz de uma tristeza.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 11/10/2011
Código do texto: T3270057