APATIA
Apatia
Canseira das mesmas coisas
Do abajur da cabeceira
Do chinelo, penteadeira
Do teto branco de gesso.
Canseira dessa rotina
Das palavras que destoam
Do que levo aqui no fundo.
Canseira tanta do mundo
Das coisas que se repetem
De mim, imagem do espelho.
Preciso de outro prisma
De visão do que é inteiro
Geometria do canteiro
Roseiral, coberto em flor.
Preciso de outro tinteiro
Outro papel, outra idéia
Outro pensar, outro anseio
Que me leve a reciclar.
Tudo me parece antigo
Tudo me parece cinza
Tudo parece vertido
Da matriz de uma tristeza.