Uma leve impressão.

O pensamento, entre nós, brasileiros, ao que parece, não pode incomodar. Nossa atitude filosófica tem sido a de evitar oposições para dissolvê-las, ao invés de enfrentá-las e resolvê-las. Aliás, parece-me que aqui, em terras bruzundanguenses, nada se resolve, damos um jeito. Somos positivistas no que condiz com a moral da boa ordem das coisas; Não queremos confusão nem agitação, o que vale é a conciliação. Ecléticos na maneira de conduzir conflitos intelectuais, de posicionamento ante o real. Sendo assim,o pensamento, entre nós, pode existir sobre a condição de não pensar, ou seja, de não existir. Seres com pensamento crítico são tidos como chatos e agitadores. Vivemos em um clima, muito bem exposto por Roberto Gomes em sua "Crítica da Razão Tupiniquim", no qual divergir é crime, discordar é subversão. Deve-se evitar o choque de idéias, tudo o que há de manifestações contrárias ao estabelecido não passaria de birra. Pensar é tido como algo inútil e chato. Como afirma Gomes, há certos esquemas de pensamento que são verdadeiras salas de operação: esterilizadas e inofensivas, no entanto úteis. Nada mais evidente que o espírito crítico deve estar dentro dos limites permitidos pela ordem vigente. Estar submisso ao vigente. Nada pode escapar do controle; aquele olhar torto e aquela expressão no rosto que condenam o pensar crítico, indicam a total incapacidade de pensarmos, acima de tudo, a nós mesmos.

Oswaldo Rolim da Silva Junior
Enviado por Oswaldo Rolim da Silva Junior em 09/10/2011
Reeditado em 06/03/2016
Código do texto: T3266294
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