ENTRE A DOR E O NADA

"Entre a dor e o nada/ Alguém escolhe a dor que rói/ Entre a dor e o nada/ Escolho o nada, pois não dói" ( Música "Filme", da banda Último Número)

Entre a dor e o nada, qual delas escolheria? Ninguém quer a dor, nem o nada. A dor fica camuflada de qualquer coisa muito prazerosa. Assim, escolhe-se a dor sem se perceber, sem dúvidas.

Eu só consigo ver essas duas hipóteses: dor e nada. Tento, com todo o esforço possível concentrar-me em escolher o nada. Tolice. O nada não é uma escolha. O nada é nada. A ausência de desejo de escolher. Nenhuma das alternativas se mostra aceitável, ao menos. Nunca o melhor. Sempre a menos pior.

Falta-me a ilusão necessária para eu deixar de perceber a dor. Estou cansado de apanhar. Só me fodo. Sinto um ódio incontrolável porque não vejo opções. Tenho raiva. Penso nela, chamo por seu nome. Logo após, mando-a se foder. Se ela estivesse ao meu lado nesses momentos, cuspiria-lhe na cara. Ela iria ficar mais bonita com um catarro verde no meio da testa. Ela iria chorar. Bem feito! Iria embora e não voltaria. Bem feito!!! Vai se foder, ouviu? VAI SE FODER!!!!!!

O absurdo de desejar tanto ser haver o desejado. Preso num mundo complexo e impossível. Não... não é nada disso, porra!!! Não estou falando de um romântico sem romantismo. Estou falando de uma máscara romântica que se apossou do mau/mal ator sem romantismo. Não sai nunca, uma vez que alguém se atreva a colocá-la. O ator é insensível, não se importa com ninguém. Quando uma senhora lhe pede ajuda para atravessar a rua, ele a manda tomar no cu. Mas, sua boca diz de modo afável "Claro, minha senhora!". Mero marionete de uma máscara. Precisamente a máscara que o seduziu e que colocou em seu rosto para mentir e não ser ele mesmo agora o controla. Ele emite um som sobre-humano por dentro, mas exterioriza um assovio alegre e dançante. Ele morre por dentro. Vai até o posto comprar álcool puro. Não... no seu copo tem apenas leite puro... mas a vertigem é a mesma!

Eu escolho o nada e sinto a dor mais cruciante, quando eu deveria ter encontrado a calma. Não! Eu fico mesmo é puto da cara! Impassividade é o caralho!!! Odeio o mundo todo. Se aliens fossem destruir o planeta e me permitissem apertar o botão que iria acabar com tudo eu o apertaria. Daria a risada mais gostosa em toda a minha vida. Depois disso, eu não teria mais vida também...

Invejo a pedra. A pedra nunca quer nada. Não que essa coisa represente o nada. Não!!! Essa coisa não sente o nada. Essa coisa não sente, ponto. Não sente o quê? Não sente. A pedra nada tem a ver com a meditação. Meditação busca alcançar um estado de espírito elevado. A pedra não alcança nada. A pedra não tem espírito. A pedra não é baixa nem elevada. Pouco importa para a pedra. A pedra pedra. Se a pedra fosse dizer alguma coisa, diria "pedra". E isso seria o seu mais vasto vocabulário, inalcançável mesmo se a humanidade durasse por milhares de anos. Mas, não se preocupe, vamos morrer logo. Ainda bem. Um dia eu perco a consciência e dobrarei minhas pernas junto ao meu corpo e inclinarei minha cabeça para dentro dele. Tornar-me-ei um verdadeiro louco de pedra.

PEDRA!!!!!!!!!

Pedra.

Pedra... pedrapedrapedrapedrapedrapedrapedra

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PS: Escrito em conjunto com Abcínico, Psilopata, Tantalouco e Bobo da Morte.

PS: Isso não é pra você. É só pra mim.

Cephas
Enviado por Cephas em 08/10/2011
Reeditado em 08/10/2011
Código do texto: T3264616
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