TRAPOS ( desabafando )
Às vezes acredito que minha vida
Não passa de uma roupa velha
Cuja única saída
É ficar a remendá-la
Cerzindo e reforçando os rasgos
Para tapar os tantos buracos
Cujo outras vidas servem de retalhos
Para reparar ou quebrar um galho
Mas por mais que eu tenha cuidado
Sempre me aparece um outro estrago
Então eu tinjo tentando renovar
Mas a decadência continua a estampar
Sabe aquela roupa que você mais ama
E que até já tenha tentado dela se desfazer
Mas ai você faz aquele drama
Relembrando momentos vividos sem perceber
E ela volta para o guarda-roupa
Muitos te julgam louca
Por ficar juntando trapos
Ao invés de trocá-los
Mas não conseguimos ver
Somente recordar
Que de cada retalho a remendar
Há uma lição a se aprender
A cada dia os trapos vão ficando mais velhos
Mas temamos em preservá-los
Mudam-se a cor os apliques
Ou qualquer outra coisa que justifique
Assim tentamos prolongar
Uma vida que quer nos deixar
Cansada e amargurada
Da qual não conseguimos quase nada