E Vem
Sempre me vem, um não sei o que. Um impulso, uma ré, um não pensar. Dizem que é bom pensar, nos separa dos animais irracionais (Quem descobriu isso...). Porém, quando estou fazendo alguma coisa prática, como pregar um quadro na parede, andar de bicicleta, fazer a barba, me sinto eu mesmo, ou melhor, sou a ação sem pensar, executo e pronto. Tomo meu banho, se é inverno tomo uma sopa, se é verão tomo uma cerveja. De repente paro em algum canto e constato, nossa, estou aqui! Dá-me uma sensação de queda, um medo de existir, alguma coisa mais do que sou. Caramba, o que será isso? Será a vida tão grande que me esmaga, ou serei tão importante na construção do tudo? Só sei que é algo mais do que o meu diário, mas que me causa espanto e medo. O amor? Bem, isso é algo que ninguém me ensinou, nem mesmo sei onde se estaciona, mas basta pensar nessa palavra e eis que o chão se volta debaixo dos meus pés. Obrigado vida minha, que me fez carne e ossos e que me fez mais que carne e ossos.