“Afinal, de quem você se esconde?”
“Afinal, de quem você se esconde?”
Da vida! Foi minha resposta imediata.
Depois de um bate-pato com amigos: de mim mesma.
O papo era sobre corrupção, a opinião deles é que existe corrupção em toda parte, todo lugar, desde os tempos que Jesus andava por aqui, e antes disso.
Com orgulho disse – Eu não sou corrupta, e recebi como resposta:
- “E não avança”.
Isso está martelando minha cabeça. Olhando pra mim mesma, não gosto do que vejo. Não aceitaria como companheiro alguém como eu.
Sou egoísta, irritada, preguiçosa, indiferente, sem entusiasmo, acomodada, sem alegria. Fui uma esposa ruim (ele também não era grande coisa – foi por isso que casei com ele), sou péssima mãe, estou apavorada com a possibilidade da minha filha se tornar um ser humano medíocre por causa da minha mediocridade.
E aí vem novamente a frase “E não avança”.
E não avança.
E não avança.
Como avançar se perdi a ambição, a alegria, a capacidade de esperar.
Como avançar se “no meio do caminho tem uma pedra”
Como avançar se não arrisco.
Como avançar se não me exponho.
Como avançar se me escondo.
“Afinal, de quem você se esconde?”
Da decepção, do desapontamento, do desencanto.
Dos outros.
De mim mesma.
Da vida.