"Repouso eterno, por favor"

Há algum tempo atrás, olhar para uma folha em branco e pôr nela minuciosamente tudo o que se enclausurava em mim era possível, e era a única forma de eu me sentir bem. Mas tenho passado por uma fase em que quanto mais eu escrevo, maior e mais profunda é a minha dor. Talvez pelo fato de que quando nós escrevemos, nós marcamos para sempre uma fase da vida. Seja ela boa ou ruim. Não consigo mais continuar como se nada tivesse mudado, como se as coisas ainda fossem a mesma. Por que há muito tempo não são.. Tudo mudou e tudo continuar mudando. Essas mudanças repentinas me deixam perdida. Eu me cansei de ser mais uma hipócrita vagando pelas ruas desse mundo á procura de alguma coisa que possa me tirar esse vazio que me preenche. Meus olhos ardendo me disseram que já não tem mais forças para continuar abertos, e me imploram que eu os feche. Para sempre. Meu corpo cansado pede o mesmo. “Repouso eterno, por favor.” Será covardia ou excesso de coragem precoce sair dessa vida com as minhas próprias mãos? Acho que depende do ponto de vista, certo? Sei lá. Isso não me importa mais. Apesar do meu desejo saliente e inquieto, o medo grita aqui dentro e me faz rever essa opção. Suicídio. Uma palavra feia. E conseqüências piores ainda. Sempre achei loucura, mas sou filha da loucura, então acho que chegou a hora de eu me encontrar as minhas origens.. Me aguardem.

J Monsôres
Enviado por J Monsôres em 01/10/2011
Código do texto: T3250998
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