PORQUE SOMOS HUMANOS: A DEPRESSÃO.
Há momentos em que só queremos desistir. A desconformidade entre nós e o mundo é tão grande que a vida se nos torna insuportável. Não lhe vemos sentido útil.
Horas, dias, meses... assim, e a energia vai-se esgotando como a areia da ampulheta. E, sentindo que nada de valioso há a perder, a desistência parece-nos ser o ganho mais reconfortante.
Situações assim marcam o abismo mais profundo da existência. Nesse lugar negro, todas as formas do mundo se ocultam atrás de um véu demasiado denso, que nos cinge a visão e nos leva a acreditar que nada mais adianta e que o melhor mesmo é ficar ali, à espera que qualquer coisa aconteça.
Todos nós, de uma forma ou outra, acabamos expostos às dificuldades da vida. Já aqui disse que acredito que estas são os desafios que viemos para superar e através dos quais nos superamos e alcançamos uma versão cada vez melhor de nós próprios.
Estou absolutamente convicta que assim é! Posso até afirmar que, na minha vida pessoal, foram os grandes problemas que me levaram a mudar e, com isso, a avançar para melhor.
Também acredito que cada um de nós possui a força necessária para superar os obstáculos que vão barrando o caminho. E a sabedoria para saber que, quando o obstáculo é intransponível, há que virar-lhe costas e escolher outro caminho. Mal-baratar energia para “bater contra o muro” é uma terrível agressão a nós próprios.
O tempo é outro dos elementos em que temos de confiar. Quando a depressão é provocada por situações traumáticas, por exemplo de perda de uma pessoa que nos é importante, há que dar tempo ao tempo e confiar que a dor e a angústia acabarão por se esbater, adoçar; transformar em memórias marcantes mas não impeditivas do renascimento da alegria. A capacidade de regeneração da mente é extraordinária: todos os dias surgem exemplos de pessoas que venceram as maiores adversidades.
Há, contudo, aqui um factor essencial ao sucesso: que é o assumir a nossa responsabilidade pessoal perante o problema. Esta responsabilidade pessoal significa que é de nós que tem de partir a decisão de querer estar melhor.
Esta decisão pertence-nos em exclusivo e é ela o ingrediente de sucesso de toda a ajuda externa: seja dos médicos ou da família ou dos amigos.
Sem ela, tudo, inclusive o tempo, serão apenas paliativos que trabalham à superfície, deixando por resolver o essencial. E, quando assim é, o círculo de acontecimentos perpetua-se e o desperdício da vida também.
Cabe a nós decidir que a vida vale a pena ser vivida. Cabe a nós desejar viver mais realizados e realizantes. Estas são as decisões que nos guiarão ao caminho da verdadeira mudança e a descobrir a força necessária para rasgar o véu negro que nos envolve.
Sei que assim é!
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