Ignorando o fato
Falar a respeito de como devemos agir é fácil, expressar a forma correta que se deve pensar é só uma questão de reflexão, na realidade a teoria parece ser sempre mais fácil que a prática, tem palavras que as vezes não adiantam, as vezes só aprendemos a forma correta de viver ou agir vivendo, tem coisas que não aprendemos quando nos ensinam, tem coisas que só aprendemos quando vivenciamos, quando descobrimos na prática que tudo aquilo que nos ensinaram era verdade e que poderíamos ter evitado uma decepção, e pensamos que deveríamos ter aprendido com os erros dos outros e não com os nossos.
Nós seres humanos sempre buscamos aquilo que é proibido, ou quase sempre colocamos nossos desejos na frente da razão, que vai além dos desejos porque a razão considera aquilo que é melhor para nós e para as pessoas a nossa volta, enquanto que nossos desejos consideram apenas aquilo que queremos com ansiedade, aquilo que almejamos independentemente de ser o correto ou o errado, independentemente disso nos prejudicar depois ou não.
Quando confrontados com situações adversas a maioria das pessoas ficam cegas pelas suas emoções e não consideram aquilo que é mais importante, ninguém está interessado em pensar nas consequências que seus atos podem causar, porque na maioria das vezes aquilo que queremos se torna mais importante do que aquilo que realmente deveríamos fazer.
Todos nós temos a terrível tendência de ignorar, ignoramos os sentimentos de outras pessoas e as nossas atitudes prejudiciais para não nos sentirmos com a consciência pesada, ignoramos a nossa consciência para agir da maneira mais fácil, ignoramos tudo que possa ser um empecilho para boa convivência consigo mesmo, e ignoramos até mesmo o fato que por agir assim somos hipócritas, porque somos egoístas quando ignoramos a nossa própria maneira de pensar, nossa própria essência apenas para fingir que não estamos errados.
Na realidade o ser humano tem a terrível tendência de buscar uma justificativa perante outros a respeito de seus atos, mesmo quando temos a consciência de que estamos errados procuramos uma justificativa enganando a nós mesmos, apenas pra não admitir para nós mesmos nossos erros, e por isso numa discussão ou intriga, mesmo quando erramos procuramos sempre uma razão dentro de nós mesmos para justificar o fato de que não estamos tão errados assim, ou que a outra pessoa também errou, e talvez você diga que isso se chama coletividade ou compartilhamento, porque muitas vezes quando erramos ou nos prejudicamos nos sentimos mais consolados por saber que isso também aconteceu com outras pessoas ou que o erro não foi só nosso, é como se a maioria das pessoas buscassem uma forma de “dividir seu erro” para que ele não fique tão pesado para carregar sozinho, só que isso não se chama coletividade ou companheirismo nem nenhuma outra palavra que talvez tentemos arranjar para enfeitar ou mascarar uma situação desse tipo.
Até hoje não existe uma receita ou uma fórmula de como não errar, mas existem receitas e fórmulas de como não tornar isso tão constante, se nós nunca errássemos e tivéssemos a capacidade de aprender apenas com os erros de outrem nos tornaríamos como uma máquina que analisa, copia e corrige falhas, não seríamos humanos, seríamos robôs. Há coisas que na busca pela maturidade só aprendemos quando vivenciamos, pois palavras não tem tanta intensidade quanto ações. Quem sabe não possamos tirar algo de bom de uma situação ruim, nem que isso seja o aprendizado, o alcance da maturidade, até porque cada momento da vida e cada atitude que tomamos é uma maneira de nos satisfazermos e encontrarmos a felicidade, e as vezes nos perdemos no meio do caminho, e nem sempre criar um novo caminho é fácil, mas quem disse que deveria ser fácil? Não é a dificuldade que move o ser humano? O ser humano vai em busca do proibido ou difícil para satisfazer seus desejos, mas de uma forma interessante quando diz respeito a vida e obstáculos que formam a personalidade e o caráter de cada ser, quando deparados com dificuldades procuram a forma mais fácil de viver e aprendem a fingir e a ignorar. Afinal, qual ser humano seria capaz de entender de maneira plena as razões, motivações, justificativas e sentimentos que movem a cada ser? O que deve ser o primordial a mover cada ser humano? Para cada ação tomada existe um motivo, mas nem sempre esse motivo justifica. As justificativas são apenas o meio que encontramos para nos sentirmos bem quando fazemos algo que realmente não se justifica.