Relatividade
Às vezes me perguntam
Como se me faltasse algum encanto.
Tem namorado?
Tem marido?
Tem Filhos?
Mas sabe o que é mais triste
De toda essa situação
Esquecem de perguntar se tenho cão.
Sei lá será que tudo tem de ser igual
Pra tudo ter um aval?
Ou será que depende de nós
Ser feliz sem tanto noz.
Afinal nunca contentamos
Plenamente ninguém.
Se tem marido
Cobram filhos
Se tem namorado
Cobram noivado.
Se só tem cachorro
Olham-te com pouco logro.
Não sei quando entenderão
A relatividade da solidão.
Só sei que não quero servir
Pra contentar ninguém.
O máximo que permito
É mexer com a curiosidade
De quem me olha apenas pela metade.
Não me nego jamais ao amor
Em sua mais intensa essência
Só não tolero conveniência.
Prefiro dormir abraçada ao travesseiro
Sem ter de mostrar ao mundo inteiro
Que sou igual a todo mundo.
Que posso ter um sono profundo de paz
Sem preciso ter do meu lado um capataz.