Relatividade

Às vezes me perguntam

Como se me faltasse algum encanto.

Tem namorado?

Tem marido?

Tem Filhos?

Mas sabe o que é mais triste

De toda essa situação

Esquecem de perguntar se tenho cão.

Sei lá será que tudo tem de ser igual

Pra tudo ter um aval?

Ou será que depende de nós

Ser feliz sem tanto noz.

Afinal nunca contentamos

Plenamente ninguém.

Se tem marido

Cobram filhos

Se tem namorado

Cobram noivado.

Se só tem cachorro

Olham-te com pouco logro.

Não sei quando entenderão

A relatividade da solidão.

Só sei que não quero servir

Pra contentar ninguém.

O máximo que permito

É mexer com a curiosidade

De quem me olha apenas pela metade.

Não me nego jamais ao amor

Em sua mais intensa essência

Só não tolero conveniência.

Prefiro dormir abraçada ao travesseiro

Sem ter de mostrar ao mundo inteiro

Que sou igual a todo mundo.

Que posso ter um sono profundo de paz

Sem preciso ter do meu lado um capataz.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 26/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
Código do texto: T3241333
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