PORQUE SOMOS HUMANOS: A INSEGURANÇA.
Eu sou a pessoa mais insegura que conheço à face da terra. Não há volta a dar nem sei como evita-lo.
Ao longo da vida já perdi a conta ao número de estratégias que usei para vencer esta condição que, tantas vezes, me angustia. E que tantas reacções diferentes já me provocou: desde a arrogância; à fuga; ao fingir indiferença; às lágrimas; até ao sincero reconhecimento do que sentia.
Esta é uma característica da minha personalidade que a idade me pode ensinar a dissimular melhor, mas que está indelevelmente inscrita no meu carácter.
Há, todavia, duas coisas importantes que aprendi ao conviver com a minha insegurança:
A primeira, foi a “ler” melhor a insegurança dos outros. Quando, por exemplo, confronto pessoas arrogantes, depois do e#t@p*&@ e p@#v@ da praxe, desencadeia-se em mim uma espécie de compaixão, que dissipa qualquer ódio ou raiva. Quase sempre, acabo por relaxar e abandono o instinto bélico ou se reajo, já não o faço exclusivamente para me defender, mas antes para defender a minha perspectiva da situação. O faz com que aja de forma mais objectiva e orientada.
A segunda coisa que aprendi foi que insegurança não tem que ser sinónimo de fraqueza. Pode até traduzir-se em atitudes de grande coragem. Quantos desafios já me ensombraram com uma multidão de medos: o medo de falhar; o medo de não ser capaz de ir até ao fim; o medo de não possuir as competências certas; o medo da concorrência. E se, nessas alturas, mesmo trémula de pavor, não desisti, então tenho por obrigação de conceder a mim própria o elogio da coragem.
Todos nós, provavelmente, já vivenciamos ou estamos a vivenciar acontecimentos que diminuem a nossa auto-estima e a nossa sensação de poder pessoal. E cuja causa pode residir em relações familiares problemáticas, relações amorosas insatisfatórias, perturbações ou doenças físicas, etc. É inevitável e, muitas vezes, nada podemos fazer para afastar essa influência de nós.
Mas, adquirir a consciência de não somos os únicos a estar expostos às “maldades” da vida, ajudar-nos-á a saber olhar com maior profundidade quer os outros quer a nós próprios. E, quando dermos por isso, já não nos sentiremos tão limitados pelas inseguranças que nos moldam o espírito.
olinda morgado
Pensamento também publicado no blog da autora: mundodasnoitesbrancas.blogspot.com