Do presente e do futuro.
Escolhas. Fazemos escolhas o tempo todo. Algumas por impulso e outras com convicção, além das com convicção e impulso.
Erramos. Tantas vezes nos vemos colhendo os frutos amargos de um plantio mal feito, ou feito por impulso.
As vezes cultivamos o fruto amargo por muito mais tempo, na esperança de que se torne, num passe de mágica, doce. E todos veem, exceto nós mesmos, que nosso fruto jamais será doce, poderá ser tragável, mas nunca será gostoso.
E não é culpa de ninguém além de nós mesmos. Ninguém pode resolver, ninguém pode arrancar de nós o fruto amargo, por mais carinho e zelo que nos depreendam. Ignoramos conselhos, tapamos os ouvidos, nos recusamos a ver e assim seguimos cegos e loucos na esperança vã de um banquete bom. Nos encontram ingênuos, iludidos, presos.
Não há previsão do quanto tempo demore, ou de quantas feridas deixe. Depende apenas de nós, e do quanto estamos prontos para aceitar o presente, semear novas sementes, com ou sem impulso, com ou sem convicção, mas apenas semear novas sementes e enterrar na mesma terra o fruto amargo, pra que sirva de adubo para as novas coisas que virão.
Mas isso nem sempre acontece na primavera, nem sempre é verão.
Quando menos esperamos e mais nos enfraquessemos pela espera, algo acontece: Nossa venda então cai, e tudo aquilo que nos diziam as vozes amigas soam com clareza. É hora de deixar, enfim, o fruto amargo cair, rolar e desaparecer sob a terra molhada pela chuva do dia anterior. Nesse momento há dor. Há lágrima. Há medo. Há tristeza. Mas há também, invisível aos nossos olhos, a celebração dos seres do presente que devoram ferozmente o fruto velho, fazendo-nos enxergar, desfazendo o nevoeiro dos nossos apegos. E nos presenteiam com um sopro, um sopro que constroem delicadamente com os primeiros raios do sol das manhãs de lua nova.
A partir daí, então, estamos prontos para seguir em frente.