O TRAPEZISTA

Quem escreve relata a si mesmo e é seta ao universo dos que sabem ler para apreender o sentido e o valor das coisas. Que a ação comece pela ideação seria o desejável pra todos os atos do humano. Nós – poetas e prosadores – lidamos com o universo imemorial das emoções. E fazemos disso verdade plena, história e fatos. Como somos altruístas e idealistas, o Bem (e o Mal imanente) nos orienta pela Palavra. Todavia, em tudo e por tudo, relatamos a condenação ao pensar e os lavores dela – por nossa boca ou pela audácia impagável do alter ego. Esse universo dos sonhos e dos ideais é o estendido fio de linha do trapezista entre o nascer e o morrer dos dias. Em alguns casos – que só o tempo dirá – permanecerá algum planger dos sinos da passagem. No mais das vezes, nem se ouvirá o ranger da porta de emergência.

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3226013