O ator

Quantas vezes eu já me peguei pensando no que é para mim, ser um ator...

Afinal, o que é ser ator? É decorar um texto e expressá-lo com perfeição? Ou é usar o corpo de forma fenomenal para expressar uma ideia, um sentimento e até mesmo, um objeto? Na verdade tudo isso está certo, mas o ator é muito mais.

Ser ator, é saber dos seus limites e tentar superá-los. É deixar de lado toda a noção do ridículo, e usar o que for normal e anormal para a vida. É ter medos, tristezas, raivas, felicidades, amores, sabores, idades, dadivas, belezas, enredos...é poder ser completo na incompletude.

Ser ator, é também poder chegar numa balada qualquer sozinho, ir para a pista e fazer a dança mais ridícula do mundo, sem se importar com nada e ainda usar a desculpa de ser apenas um personagem. É poder usar a roupa que quiser, mesmo fora de época, fora de moda, e dizer que é o figurino. É ser exagerado quando sente algo. É ter o direito de falar a maior asneira, pois faz tudo parte de um texto. É usar o mundo como cenário

Ser ator, é poder ser você mesmo. É poder ser quem você não é. É poder ser quem você quer ser. O que você quer ser. É ter várias formas de ser. É ser humano com todas as possibilidades, das mentiras às verdades. Um ser real ou imaginário. É ser eterno ou temporário.

Ser ator é dar voz ao corpo, é dar corpo à voz. É dar voz ao silêncio, e dar corpo à inconsciência.

Por fim, ser ator, é viver pelas vitórias e aprender com as derrotas. É estar sempre se repetindo e se renovando. É fazer parte do todo, sem fazer parte de tudo, mas deixar tudo estar em si. É fazer de tudo, ouro. É fazer do ouro, pó. É saber que ser sozinho, não é o mesmo que estar só.