VEJO
VEJO
Vejo poluído o ar que respiramos,
E poluída a água que bebemos,
Como poluída a terra que pisamos,
Ou a palavra que já não entendemos.
Vejo países onde há governantes,
Que usam a crueldade e o sadismo,
Roubando o pão aos habitantes,
Para dar sustento ao terrorismo.
Vejo a fraude e os desvios já vulgares,
E até aprovados ou consentidos,
Com os autores a ficarem populares,
E por castigo a serem promovidos.
Vejo a riqueza que um povo cria,
Em lugar de beneficiar os habitantes,
Servir apenas a ambição doentia,
De alguns dos seus governantes.
Vejo o ódio e a cobardia em ascensão,
A intriga e a infâmia serem vulgares,
A demagogia e a falsidade sem travão,
Naqueles que se queriam exemplares.
Vejo que de uma maneira quase fingida,
Nos dizemos cristãos de corpo inteiro,
Mas demitimos Deus da nossa vida,
E prestamos culto ao deus dinheiro.
Vejo o homem a perder todo o valor,
E ser apenas um numero que lhe é dado;
As maquinas estão-se-lhe a sobrepor,
E ele para segundo plano é relegado.
Vejo o homem deixar o caminho estreito,
Sinuoso e duro que Jesus lhe apontou,
A caminhar pelo mais fácil e direito,
Das auto-estradas que ele mesmo edificou.
Gostaria como desejo mais profundo,
Ver e saber que estou enganado,
E que o que hoje digo do Mundo,
Pudesse amanhã considerar errado.
Dez 2006