VEJO

VEJO

Vejo poluído o ar que respiramos,

E poluída a água que bebemos,

Como poluída a terra que pisamos,

Ou a palavra que já não entendemos.

Vejo países onde há governantes,

Que usam a crueldade e o sadismo,

Roubando o pão aos habitantes,

Para dar sustento ao terrorismo.

Vejo a fraude e os desvios já vulgares,

E até aprovados ou consentidos,

Com os autores a ficarem populares,

E por castigo a serem promovidos.

Vejo a riqueza que um povo cria,

Em lugar de beneficiar os habitantes,

Servir apenas a ambição doentia,

De alguns dos seus governantes.

Vejo o ódio e a cobardia em ascensão,

A intriga e a infâmia serem vulgares,

A demagogia e a falsidade sem travão,

Naqueles que se queriam exemplares.

Vejo que de uma maneira quase fingida,

Nos dizemos cristãos de corpo inteiro,

Mas demitimos Deus da nossa vida,

E prestamos culto ao deus dinheiro.

Vejo o homem a perder todo o valor,

E ser apenas um numero que lhe é dado;

As maquinas estão-se-lhe a sobrepor,

E ele para segundo plano é relegado.

Vejo o homem deixar o caminho estreito,

Sinuoso e duro que Jesus lhe apontou,

A caminhar pelo mais fácil e direito,

Das auto-estradas que ele mesmo edificou.

Gostaria como desejo mais profundo,

Ver e saber que estou enganado,

E que o que hoje digo do Mundo,

Pudesse amanhã considerar errado.

Dez 2006

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 18/12/2006
Código do texto: T321889