Saudade

Acho essa palavra muito bonita. Acho que em nenhuma outra língua essa palavra haverá de ser tão bela quanto na nossa.

Sou dessas pessoas que sente saudade até do que não viveu, vou explicar...

Sinto saudade das pessoas que não conheci e que gostaria de conhecer.

Sinto saudade dos sabores que provei e dos que não provei ainda.

Sinto saudade dos amores que vivi e que não mais vi.

Saudade de perfumes, de cheiros que de alguma forma ficaram na memória - Impressionante isso, posto que tenho uma memória curta, mas de certas coisas não esqueço nunca.

Sinto saudade dos amigos... daqueles amigos que tocaram meu coração, sinto saudade de rir com eles. Saudade de nossas conversas, mesmo aquelas bobas, quando só jogávamos conversa fora.

Saudade de vê-los passar, mas já não moram mais perto de mim.

Sinto saudade de uma boa gargalhada, sabe, aquela que vem de dentro?

Saudade de parentes que não verei mais nessa vida, pois já foram pra um lugar melhor.

Sinto saudade de dançar de rosto colado.

Saudade de jogar vôlei e andar de skate – é, eu andava de skate, muleca né?

Sinto saudade daquele sunday que minha mãe comprava pra mim toda vez que ela ia receber - era delicioso!

Sinto saudade dos colegas de colégio e das festas que fazíamos (quando eu fiz 17 anos, ganhei uma festa de aniversário surpresa, de meus colegas) - Quando não tínhamos os últimos períodos de aula, íamos todos para o restaurante na frente da escola e lá jantávamos. Logo vinham os professores que ao invés de nos darem bronca, sentavam conosco e contavam histórias hilárias. (nossa turma era tão unida que fazíamos festas nas casas uns dos outros e também nas casas dos professores)

Sinto saudade de muitas coisas, muitas...

Sinto saudade de alguns beijos que dei e até dos que não dei, ou quase dei, mas por algum motivo acabei por não o fazer.

Sinto saudade de algumas músicas que fizeram parte de minha vida.

Sinto saudade de encher a piscina de casa com sabão em pó, só pra tomar banho de espuma - minha mãe ficava louca comigo!

Sinto saudade daquele olhar apaixonado, vindo do amado, mas já não vejo mais. Em compensação meu olhar continua apaixonado como sempre, apaixonado pela vida e pelas pessoas.

Não sei ver a maldade nas pessoas, então não posso dizer que sinto saudade daquela criança que viveu em mim, pois ela continua vivendo em mim, continua comigo diariamente, sou uma eterna criança e é ela que de alguma forma me transforma todos os dias em quem eu sou.

DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 13/09/2011
Código do texto: T3217054
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