Um Bom dia pra Haroldo de Andrade
A amizade é algo curioso. Não se explica. Só se vive. E algumas amizades marcam a vida de maneira tão especial, que mesmo o tempo ou a distancia não conseguem enfraquecer o sentimento de amor e respeito.
Digo isso contando um pouco da minha história. Lembro-me bem da minha casa, em Anchieta, subúrbio do Rio de Janeiro, onde as atividades da família eram pautadas pelo rádio e uma programação, em especial, marcava o nosso dia: O programa Haroldo de Andrade.
Meu pai, Seu Djalma, e minha mãe, Dona Geny, paravam tudo para ouvir este, que era recebido diariamente como um companheiro e amigo, que chegava, conversava, opinava, esclarecia, informava e interagia.
Um amigo que nos desejava bom dia; que desejava sempre a esperança para continuar e nos fazia crer que a vida sempre vale a pena.
Cresci, e em cada etapa da minha vida, Haroldo continuou cada vez mais, meu amigão. Não foram poucas as vezes que discordei de Haroldo, mas em cada encontro, eu crescia como pessoa e como gente.
Um dia, decidi ser um jornalista. Me espelhei no "vozeirão das manhãs", que ao meu ver, fazia da profissão um sacerdócio.
Um dia, liguei o rádio as nove e não ouvi sua voz, e sim uma carta de agradecimento em nome de não sei lá quem. Confesso que chorei.
Chorei junto com o Brasil, o silencio do amigo. Até que o reencontrei numa emissora que trazia o seu nome: Haroldo de Andrade. Porém, a nova convivência foi curta, tipo uma despedida. Senti que Deus precisava de um locutor para a rádio do Céu e um dia veio busca-lo.
Ficou a semente eternizada. A lembrança que não morre e o amor que vai além da morte.
Lembranças que neste momento me levam as lágrimas, não de tristeza, mas pela alegria de ter vivido um momento tão especial da história.
Obrigado Por tudo, meu amigo Haroldo de Andrade, sobrenome Rádio.
Ubirajara Oliveira