Inquietações
O bom senso
Na síntese do movimento
Perde-se tantas vezes
Entre duas faces
Imperando o ser animal
Que apenas permeava
A real essência de mim.
Em tal preço a lucidez
Empalidece a fonte de alegria
Sem saber-se utopia
Encaixota expectativas
Relegando a fendas imaginações.
Debruçado no palco da vida
Onde os olhos descansam ilhados
Fantasias inconfessáveis
Antes que de tudo esqueça.
Vejo a imensidão do homem velho
Cercado por todos os lados
Julgando trevas em vão.
Essas vinganças em forma de lembranças
Que do meu EU verdadeiro nada tem.
Sei que um dia sentirei descoberto
O rumo certo dos tempos idos
Sem a idéia de coincidência.
Isso que sei de mim sem tanto esforço
Sem apenas casualmente passar-me
Ou aprisionar-me em meu próprio preconceito.
Quero o ver além de mim
Sem o perigo da despersonalização completa
Ou fazer-me vítima de meu próprio olhar.
Ver de fora
O que infinitamente tenho dentro
Sem o sustento do temporário.
Quero o que não se preocupa
Com aquilo que sobrou do que foi lavado
Mas entender da sujeira que se foi
Antes de desfazer do meu tecido vivo.
Um pouco mais puro
Mesmo a cada gota.
Sem apegos
Entendendo o tempo sem querer apressá-lo
Ou abreviá-lo
Sem o perigo do desagregar
Legitimando mentalidades gritantes
Acatando erros que não passam
Mas fazem pactos injustificados comigo.
Sei o que quero...
Mas confesso não saber se tenho pés
E dignidade para alcançá-los.